Na fronteira Dinamarca-Alemanha, o amor nos tempos da covid-19

27 de abril de 2020 3 minutos
Inga Rasmussen e Karsten Tüchsen Hansen namoram na fronteira entre Dinamarca e Alemanha

Com a travessia entre Dinamarca e Alemanha proibida por causa da pandemia, um casal de octogenários fez da fronteira entre os dois países seu novo ponto de encontro. Sob o regime imposto pelo novo coronavírus, a dinamarquesa Inga Rasmussen, de 85 anos, e o alemão Karsten Tüchsen Hansen, de 89, mantiveram o romance com encontros diários na divisa entre as cidades de Tønder, na Dinamarca, e Aventoft, na Alemanha.

Viúvos, eles se conheceram há dois anos, e desde março de 2019 se veem todos os dias. A rotina de encontros ficou comprometida quando Dinamarca e Alemanha fecharam suas fronteiras como parte dos esforços para conter a pandemia. Os dinamarqueses fecharam primeiro, no dia 14 de março; dois dias depois, os alemães fez o mesmo.

Sem poder ir de um lado a outro, o casal de idosos bolou a alternativa para realimentar o amor nos tempos da covid-19: encontros diários na fronteira mesmo. Antes da pandemia, a casal normalmente se abraçava e se beijava ao se ver. Agora, eles obedecem as regras de distanciamento, o que não os impede de conversar ao ar livre, comer biscoitos, beber café ou uma dose de Geele Köm, bebida alcoólica popular do norte da Alemanha.

Ela dirige e ele pedala

Inga mora na cidade dinamarquesa de Gallehus e Karsten, em Süderlügum, do lado alemão. Os encontros ocorrem sempre por volta de 15h. Ela vai ao local dirigindo seu carro – e só bebe café – levando a mesa, as cadeiras e as bebidas. Ele se desloca de bicicleta elétrica.

A história do casal ficou conhecida quando Henrik Frandsen, prefeito de Tønder, do lado dinamarquês, passou pelo local em um passeio de bicicleta. Ele fotografou os namorados e postou a imagem no Facebook. Desde então, Inga e Karsten viraram uma espécie de estrelas locais – e inspiradoras – durante a pandemia. Sua história foi contada em veículos que vão das rádios das cidades próximas ao jornal americano The New York Times.

“Eu acho que [a história do casal] traz um pouco de esperança às pessoas, um pouco de luz na escuridão”, disse o prefeito à publicação. E traz também um pouco também de bom humor. Inga Rasmussen relata que, quando suas três filhas eram adolescentes, sempre as aconselhou a não se casarem com um homem alemão. Não por xenofobia, explica a dinamarquesa, mas porque ela não queria que as filhas fossem morar longe de sua casa. “Agora, minhas filhas ficam me perguntando o que é que eu estou fazendo.”

Palavras-chave:

Europeanway

Busca